Foto: O Bandido da Luz Vermelha - Rogério Sganzerla - 1968

sábado, 12 de setembro de 2009

A Paixão de Joana D’arc - Carl Dreyer - 1928

"A expressão facial no rosto é completa e compreensível em si mesma e, portanto, não há necessidade de pensarmos nela como existindo no espaço e no tempo. Mesmo que tivéssemos acabado de ver o mesmo rosto no meio de uma multidão e o close-up apenas o separasse dos outros, ainda assim sentiríamos que de repente estávamos a sós com este rosto, excluindo o resto do mundo. Mesmo que acabássemos de ver o dono do rosto num plano geral, quando olhamos para os olhos, num close-up, já não pensamos mais naquele espaço amplo, porque a expressão e a significação do rosto não possui nenhuma relação nem ligação com o espaço. Ao encarar um rosto isolado, nos desligamos do espaço, nossa consciência do espaço é cortada e nos encontramos numa outra dimensão: aquela da fisionomia. O fato de que os traços do rosto podem ser vistos lado a lado, i.e., no espaço - que os olhos estão em cima, os ouvidos nos lados e aboca mais baixo - apaga toda referência ao espeço quando vemos, não uma figura de carne e osso, mas sim uma expressão ou, em outras palavras, emoções, estados de espírito, intenções e pensamentos, ou seja, coisas que, embora nossos olhos possam ver, não estão no espaço. Pois sentimentos, emoções, estados de espírito, intenções, pensamentos, não são, em si mesmos, pertinente ao espaço, mesmo que sejam visualizados através de meios que os sejam".
Béla Balázs - Nós estamos no filme


3 comentários:

  1. Nossa Raul, como isso é lindo! Esse final então, a gente vai ficando entopercido junto.
    Agora, é O ROSTO né? belíssimo

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  2. a imagem de dor contrasta com a do malabarista,com a do contorcionista...fazendo com que o sofrimento fique mais forte mostrando que ele não abalava nenhum pouco outras pessoas que se tratava de uma dor pessoal , unica , intransponivel

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  3. Nunca o close-up foi tão hipnótico! Agora dá pra entender a admiração que Truffaut nutria por Dreyer.

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